Sessão com alunos sobre o papel da mulher versus papel do homem antes e após o 25 de abril – 24 de abril de 2024

No presente ano letivo, no âmbito das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, considerando as temáticas abordadas nas obras literárias da disciplina de Português e no âmbito do Clube de Leitura em parceria com a ERPI Mons. José Gomes de Sousa (Arcozelo), os alunos da turma 2.º C da EPADRPL entrevistaram os idosos daquela ERPI sobre o papel da mulher e o papel do homem antes e após o 25 de abril, criando vídeos e podcasts que foram divulgados nos ecrãs da Escola e na Rádio Ondas do Lima.

Neste contexto, no dia 24 de abril, no jardim do lago da Escola, realizou-se uma Sessão com a presença da Senhora D. Maria da Glória Barbosa, antiga professora primária, e do Dr. Franclim Sousa, ex-vereador da Câmara Municipal de Ponte de Lima, ambos com vasto conhecimento e sobretudo experiência sobre a época em apreço.

O Dr. Franclim iniciou fazendo uma singela homenagem às professoras primárias da época anterior ao 25 de abril, atendendo sobretudo aos obstáculos que tiveram de transpor em particular por serem mulheres. Referiu que as meninas ficavam em casa até serem casadoiras. Não havia televisão, não havia luz, não havia água canalizada, não havia quase nada. Nas escolas, havia o recreio dos meninos e o recreio das meninas. As desfolhadas, por exemplo, eram um momento especial para haver convivência entre rapazes e raparigas. Traçando um retrato vívido do sacrifício por que os portugueses, homens e mulheres, passaram para alcançarmos a liberdade, o Dr. Franclim sublinhou que, no tempo da PIDE, não se podia falar livremente, mas a barbearia era um centro tertuliano para os homens falarem contra o regime. As mercearias da aldeia tinham igualmente um papel importante, já que, além de possibilitarem a troca de correspondência, cabia ao seu dono a tarefa de leitura das cartas dos pais e dos maridos emigrados, uma vez que, na altura, a maior parte dos habitantes da aldeia, e muito em particular as mulheres, eram analfabetos.

Quanto à Senhora D. Maria da Glória Barbosa, os alunos ficaram a saber que estavam perante uma antiga madrinha de guerra, que trocou aerogramas, durante um ano, com um soldado que se encontrava na Guiné, e que mais tarde veio a ser o seu marido. Ficaram também a saber que, enquanto estudava, o seu pai não a deixava namorar. Só podia estar um pouco com os rapazes no fim da missa, ou na Páscoa, ou nas festas da aldeia. Para estudar, usava um candeeiro de petróleo. Para ela poder tirar o curso do magistério primário, o seu pai esteve afastado da família em França, a trabalhar. Estudar implicava um elevado dispêndio de dinheiro, pelo que só alguns tinham essa possibilidade. Por isso, a Senhora D. Maria da Glória Barbosa deixou uma recomendação aos alunos: a liberdade anda a par com a responsabilidade. Todos temos o direito de sermos felizes, mas temos igualmente o dever de sermos responsáveis.

Os alunos concluíram assim que, se a Revolução dos Cravos trouxe grandes conquistas para a liberdade de todos, existem ainda alguns passos que é necessário dar no caminho para a igualdade.

Com o apoio entusiástico da professora Sandrina Oliveira, a Sessão iniciou com a primeira senha do 25 de abril – “E depois do Adeus”, interpretada por André Sousa, aluno do 1.º C, e Maria João Oliveira, assistente operacional, e encerrou contagiando todos os presentes com a segunda senha da Revolução – Grândola, Vila Morena, interpretada por alunos das turmas 1.º A, 1.º B e 2.º A.

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